domingo, 3 de fevereiro de 2013

Última chance.

Roberto viu o sol se por na estrada à sua frente, enquanto acelerava rumo ao horizonte. Dali a pouco viu luzes à beira da rodovia. Uma pousadinha o esperava. "Pousada Última Chance", dizia o letreiro por debaixo do qual passou pra entrar no estacionamento, com uma pequena placa logo abaixo onde se lia "Não há vagas". "Perfeito" pensou, coçando a barba por fazer. "Uma noite no carro antes de encarar o desconhecido". Saiu do automóvel e viu, à luz tênue do crepúsculo, que na estrada, logo depois da entrada da pousada, estava a costumeira placa bicolor que indicava a divisa de país. Tirou os óculos do rosto e limpou-os para ler. Na parte de cima lia-se o nome de sua pátria, em fundo verde, e abaixo, na parte amarela, onde deveria estar o nome do país vizinho, não havia letra alguma. Passada a placa, era como se uma entidade superior houvesse traçado uma linha reta entre as nações. Do lado de cá, grama baixa e seca devido à estação. Do lado de lá, um chão escuro, de material indistinguível, e coisa alguma à vista até o horizonte. Roberto teve um súbito arrepio, uma hesitação momentânea, logo suplantada pelo cansaço e pela obstinação. Dirigiu-se à porta da estalagem.